Qual o seu humor hoje? É mais
ou menos isso que a gente vem afirmando há muito tempo. Quando nós da The Good
Garden surgimos entre uma espécie de Boom de bandas de rock autorais cearenses, éramos
apenas mais uma banda a quem não davam a menor credibilidade, mas passados
exatos 13 anos de muita batalha, muitos náufragos ficaram pelo caminho enquanto
a gente continua fazendo estória. Sabemos o quanto é difícil para um jovem
entre 18 e 20 e poucos anos, manter acesa a chama que movimenta uma banda de
rock. passamos por esses momentos também, momentos de afirmação e decisão, onde
é preciso definir muitas coisas, como emprego, renda, família... Houve um
momento onde, todos nós estávamos fudidos e sem perspectivas fácies, com eu
expulso de casa, o Cícero sem emprego esperando uma filha, o Mário sozinho em
Fortaleza com toda sua família na Bahia, e o Thesco colocado para fora da
empresa a qual trabalhava e com isso rompendo um relacionamento estável, uma
família. E o que acontece? Do you believe in magic? (Você acredita em mágica?)
Contra todas as barreiras que poderiam nos fazer outros, entre tantos que fazem
mimi o tempo inteiro e só sabem lamentar, nós fizemos humor sarcástico e
findamos montando a Good Garden. E quando nós rompemos as barreiras locais
desse bairro/município que nomeia a banda, nem sempre foi fácil aturar o preconceito
exposto para com o nosso som, o nosso toque e principalmente para com a gente
mesmo. Rock do Bom Jardim? Quem são esses caras? O que eles pensam que são? Há uma
ordem estabelecida de preconceito leve que determina que nós, que somos da
periferia, temos que ser e agir igual a grupos como os Racionais Mc’s, ou o
Inocentes, era isso o que se esperava da gente, além de um posicionamento de
coitado e uma concordância amigável a tudo o que se propunha em termos gerais,
ou seja, esconder a opinião para se tornar “agradável”, esse último desplante
inclusive não alcançava só a gente, e vemos muita gente boa cair nessa cilada. Eu
por exemplo, não sou negro, "apesar de que o resto da banda é!" Minhas raízes nativas
são ameríndias, e o que sei fazer é rock, não gosto de MPB, não sei misturar,
não gosto de samba, sou ruim da cabeça e doente do pé! E quando nós
apresentamos nossa cara com o nosso nonsense não foi fácil. Mas claro houve
pessoas que apostaram na nossa ousadia como o Jofran Fonteles, o Talles Lucena,
o pessoal da Fundesol, em especial a Lúcia Albuguergue e o Messias, toda turma
do CCbJ – Centro Cultural do Bom Jardim, como a Diana Ponte Pinheiro, A
Cristina Gadelha, o Senhor Ex secretário de cultura do Ceará, professor Pinheiro,
o hoje deputado estadual Elmano Freitas que nem sabe o quanto ajudou a gente em
um momento crucial, o pessoal, claro que também vou citá-los, da pródisc, que
já nem sei qual a significação da sigla já que há muito não é uma associação de produtores
de discos, nesses a Thaís Andrade, e até mesmo o Ivan Ferraro, o André Marinho,
o Amaldison Ximenes e o Fernando Pessoa do Centro Cultural Banco do Nordeste do
Brasil, CCBNB, e em especial um público fiel, entre membros de outras bandas seminais
do Bom Jardim, Barra do Ceará, Pio XII... E amigos e por que não dizer fãs em
geral. Estivemos envolvidos nesses últimos 13 anos em quase tudo o que diz
respeito a rock no Ceará, uma estrada autoafirmativa cheia de acertos e erros
também, com muitas amizades e desencontros como é natural, e agora estamos
voltando com tudo. Com o fim da nossa parceira vencedora com o Selo Panela
Discos/Rock, houve muita especulação sobre o destino da banda, claro que não
foi uma expectativa que alcançava só a gente, todos ali foram muito postos a
prova, tem gente que quer ver é a caveira mesmo, mas nós saímos e resolvemos mudar
de atitude, foi quando criamos a Good Garden Produções, empresa que administra
a banda e a Toca Good Garden, local onde toda a cena autoral do Ceará, sem restrições
de estilo, classe, ou seja lá qual for a nóia que se cria nesse nosso ambiente pode tocar! Esse é um post de agradecimento a todas as pessoas citadas e a todos em geral
que de alguma forma cruzaram nosso caminho, vale citar com muito carinho o DJ Dado
Pinheiro, o Tanísio, Rafael Lucena, Babuê, Saron Brandão, Paulo Lima, Gleriston
Sampaio, Thiago Paiva, Todos da Brechó Discos na Bahia, Todas as bandas e
coletivos parceiros pelo Brasil afora. Há! E respondendo aquela interrogação do
início, Meu humor hoje está Heavi!
GEORGIANO DE CASTRO.